A introdução de gestão de riscos nas normas ISO, trouxe para o mercado um novo nível de gestão mais sistêmico e com foco em proatividade nas ações da empresa. Porém, também trouxe dúvidas na sua interpretação e na forma de como implementar e executar seu gerenciamento na rotina das organizações.
Na ISO/IEC 17025:2017 não foi diferente e os laboratórios ainda divergem na metodologia mais adequada para cumprimento deste item, causando algumas grandes variações na sua aplicação no Sistema de Gestão da Qualidade.
Não é meu foco falar sobre gestão de risco diretamente, mas gestão de risco para imparcialidade que tem um peso muito grande na família de normas série 17.000.
Mas o que é Imparcialidade? Em consulta Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Michaelis, encontramos a seguinte definição: “Caráter ou qualidade de imparcial; equanimidade, justiça, neutralidade”.
Na própria norma ISO/IEC 17025:2017 encontramos a seguinte definição: “presença de objetividade, onde implica a ausência de conflitos de interesse, ou a sua resolução de modo a não influenciar de forma adversa as atividades do laboratório”.
A norma determina ações necessárias para o laboratório garantir sua idoneidade e credibilidade junto aos seus clientes e mercado, onde deve demonstrar sua gestão de forma contínua na sua rotina de trabalho, para garantir o requisito da Imparcialidade.
Podemos destacar algumas fontes de ameaças, que podem caracterizar problemas com a imparcialidade, são elas:
Interesse próprio: ameaças que surgem de uma pessoa ou de um organismo que atua em seu próprio interesse (benefício financeiro, material ou imaterial);
Autoavaliação: ameaças que surgem de uma pessoa ou de um organismo que avalia o seu próprio trabalho;
Familiaridade ou confiança: ameaças que surgem de uma pessoa ou de um organismo que é demasiado familiar ou confiante nas pessoas que executam a atividade para as questionar e avaliar objetivamente. Relacionamentos de muito tempo podem levar a aumentar este risco, já que as ações acabam tomando uma característica mais pessoal e não de política geral do laboratório;
Intimidação: ameaças que surgem de uma pessoa ou de um organismo ter a percepção de ser coagido direta ou indiretamente (por exemplo: a ameaça de ser substituído ou denunciado a um superior hierárquico);
Competição: ameaças que surgem de uma pessoa ou de um organismo que avalia produtos ou serviços da sua concorrência.
A gestão de risco de imparcialidade toma uma dimensão maior dentro dos limites de atuação dos laboratórios e seus processos devem ser cuidadosamente analisado e os seus riscos identificados, para que ações pertinentes sejam tomadas para eliminar ou diminuir a sua ocorrência ou impacto.
Por isso, cabe uma reflexão final que o termo de imparcialidade que foi muito utilizado na versão anterior da norma, não se torna efetivo com os novos requisitos da versão atual e o laboratório tem que estruturar ações muitos mais profundas para uma boa gestão deste item.
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